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Com abordagem jurídica e artística palestra discute desafio dos magistrados na contemporaneidade

 
 
Na tarde desta segunda-feira (17), com a palestra O palco, a fábrica e a audiência – aspectos invisíveis do Direito e do Processo do Trabalho, o juiz e suas interações, o desembargador aposentado do TRT3 (Minas Gerais) Márcio Túlio Viana deu continuidade à programação do 16º Módulo de Aperfeiçoamento de Magistrados do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE). Na conferência, o magistrado atuou ao lado da professora Anamaria Fernandes Viana, mestra em Artes do Espetáculo (Universidade de Rennes 2, França), doutora em Educação (UNICAMP) e em Artes do Espetáculo (Rennes 2). A palestra abordou os desafios do magistrado nos tempos atuais, e os conferencistas fizeram análises não só a partir do campo do direito mas também da sociologia e das artes. 
 
Citando o cientista francês Laplace, Márcio Túlio chamou a atenção para o fato de que desde a modernidade certos conceitos são mais fluidos. “Antes as verdades eram mais inteiras”, disse, acrescentando a frase bastante popular, que parodia Nietzsche [“Deus está morto”], “Deus está morto, Freud está morto e eu mesmo não estou me sentindo muito bem”, para expressar a quebra de paradigmas e fontes da atualidade. 
 
Anamaria Viana fez uma comparação entre a hierarquia do balé, onde tudo é “ordenado, articulado” e a hierarquia no Judiciário. Em menção ao sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss, a professora lembrou que nossos atos cotidianos são completamente adestrados, mas, apesar disso, há algo de singular. Outra teoria que a professora Anamaria explorou em sua abordagem foi a do filósofo Merlau-Ponty, destacando que o ser humano mais que uma consciência cognitiva pura é uma consciência encarnada num corpo, é visível para si mesmo e pode se ver vendo. Todos esses referenciais teóricos foram sendo examinados considerando-se a tarefa do magistrado, a atividade de julgar. 
 

Professora Anamaria Viana situa atividade do juiz no contexto da sociedade pela visão da arte  

 
 
Márcio Túlio Viana destacou que atualmente as pessoas têm mais necessidade de se manifestar, e fora da sala de audiência querem falar com o juiz para cobrar ou aplaudir. “A sociedade já não vê o juiz apenas como um técnico”. Ressaltou ainda que a mídia tem um poder maior que o que teve em qualquer época. Isso torna o juiz mais vulnerável, podendo rapidamente ir do endeusamento à demonização, o que poderia levar o magistrado a considerar a repercussão do que é decidido e não apenas a matéria de direito. 
 
Na sequência, Márcio Túlio destacou que, com o triunfo do Capitalismo, as pessoas veem a Justiça como lugar de consumo. O palestrante mencionou também o fato de que o Direito está em crise, especialmente o Direito do Trabalho porque é sonhador e os sonhos estão em crise, sob ameaça do sistema liberal. “Tudo isso afeta o juiz do trabalho”, afirmou. Por outro lado, “Hoje é mais legítimo o juiz ser criativo”, concluiu. 
 
A desembargadora vice-diretora da Escola Judicial, Nise Pedroso, fez a abertura da palestra e apresentou os conferencistas. 
 
O  16º Módulo se estende até a próxima sexta-feira (21). 
 
Texto: Eugenio Jerônimo 
Foto: Paula Barreto