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Getrin6 discute o adoecimento mental no trabalho em seminário na Fundacentro/PE

Encontro foi aberto na manhã desta quinta e teve a juíza do Trabalho e gestora do Getrin6 Ana Freitas como mestre de cerimônias  

Uma doença silenciosa, subjetiva e, na maioria dos casos, encarada com preconceito. O adoecimento mental no trabalho foi o tema escolhido pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Getrin6) para marcar o Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho. O seminário foi aberto na manhã desta quinta-feira (28) e seguirá ao longo do dia com uma série de palestras no auditório da Fundacentro/PE. O desembargador Fábio André de Farias e a juíza do Trabalho Ana Freitas, gestores regionais do Getrin6, e a juíza Andrea Keust participaram do encontro, cuja mesa de abertura reuniu representantes da Fundacentro (Luiz Antônio de Melo), da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (André Luiz Negromonte), da Advocacia-Geral da União, AGU (Fernanda Lapa), da Secretaria de Saúde de Olinda (Admilson Ramos) e da OAB/Caixa de Assistência dos Advogados de Pernambuco (Inaldo Gadelha).

Para o desembargador Fábio André de Farias, as discussões em torno do sofrimento mental são de extrema importância considerando a própria demanda do tema. Ele observa que o índice de afastamento do trabalho registrado pelo INSS motivado por depressões, fobias e outros estados mentais tem aumentado consideravelmente – em 2010, foram 4 mil casos; em 2013, seis mil –,  ressaltando, ainda, o fato de que somente os casos mais graves chegam ao INSS. “Antes disso, ocorrem faltas e os próprios médicos das empresas prescrevem remédios, antidepressivos”, lembra. “Hoje se fala muito em assédio moral, o processo de exclusão da pessoa do seu ambiente de trabalho que provoca muito sofrimento, mas existem muitas outras dimensões de ações no trabalho que causam distúrbios mentais”, explica.

Luiz Antônio de Melo, coordenador técnico da Fundacentro, o desembargador Fábio André de Farias e o coordenador de Políticas de Saúde da Prefeitura de Olinda, Admilson Ramos, compuseram a mesa 

O desembargador também enfatiza a relação do adoecimento mental no trabalho à queda de produtividade e ao preconceito. “Existe uma incompreensão gerada pelas demandas por um trabalhador produtivo e essas doenças. O preconceito é muito grande”, afirma. As profissões que lidam diretamente com o público – dos policiais, aos professores, passando pelos médicos e advogados – lideram o ranking das profissões mais estressantes, segundo pesquisas acadêmicas e números do INSS. O gestor do Getrin6, ressalta, no entanto, o sofrimento psicológico a que são submetidos profissionais menos qualificados, como os operários em geral, e a dificuldade, incapacidade, de conseguir gerir financeiramente a própria vida.

No auditório  

A primeira exposição do dia ficou por conta da servidora do TRT-PE e doutora em Direito pela UFPE Fernanda Barreto Lira, que falou sobre “Meio Ambiente do Trabalho e Enfermidades Profissionais”. Ainda pela manhã, Laura Pedrosa Caldas, psicóloga e doutora em Psicologia Clínica nas Instituições, apresentou o painel “Intervenções Psicossociais como Proposta de Promoção de Saúde Mental no Trabalho”, e Marcos Lisboa Miranda, médico do trabalho e auditor fiscal do trabalho, e Naudenis Martins, também auditor fiscal do trabalho, falaram sobre “Adoecimento Mental nos Setores Bancário e de Transportes: Reconhecimento e Direitos Sonegados”.

A servidora Fernanda Barreto Lira falou sobre  “Meio Ambiente do Trabalho e Enfermidades Profissionais”

A programação será retomada à tarde com as palestras: “A Saúde dos Trabalhadores da Saúde”, com o coordenador do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador do Hospital das Clínicas, professor Oscar Bandeira Coutinho Neto; e “Estresse e Transtorno Mental”, com o médico psiquiatra e perito do INSS, José Waldo Câmara Filho; além do painel “Contemporaneidade: repercussões no psiquismo”, com a especialista em psicologia social Andréa Guimarães Nunes de Oliveira, e a psicóloga clínica Luryaga Porto Farias.

28 de abril

No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 mineiros. A data, então, foi definida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2003, como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças laborais. Nesse dia, são celebrados eventos no mundo todo para a conscientização dos trabalhadores e empregadores quantos aos riscos de acidentes no trabalho. No Brasil, a Lei 11.121/05 instituiu que no dia 28 de abril, seja celebrado o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

De acordo com Anuário Estatístico da Previdência Social de 2015, o número de auxílios-doença concedidos em razão deste tipo de moléstia tem crescido drasticamente.  De 2006 para 2007, por exemplo, o número de auxílios-doença acidentários por transtornos mentais subiu de 615 para 7.695 e, no ano seguinte, passou para quase 13 mil. No total, de 2004 a 2013, há um incremento da ordem de 1964% para esta concessão.

Texto: Lydia Barros

Fotos: Elysangela Freitas