Selo Ouro recebido pelo TRT6 em 2024
Selo 100% PJe
  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • Galeria de fotos
  • SoundCloud
  • Youtube

EJud-6 abre ano letivo com palestra da desembargadora Andréa Pachá

A Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região abriu oficialmente o ano letivo de 2023 nessa terça-feira (28/02). A aula magna, ministrada pela escritora e desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Andréa Pachá, abordou "Como chegamos aqui? Os impactos das transformações do mundo no sistema judicial." O evento aconteceu na sede da EJud-6, no bairro do Espinheiro, no Recife.

Em sua conferência, a desembargadora expôs os desafios que o Poder Judiciário precisa enfrentar neste momento histórico, em que as mudanças profundas e rápidas afetam a própria forma de relacionamento entre as pessoas. “Que sociedade é esta que está chegando para o Judiciário?”, indagou a conferencista e, em seguida, explicou que é preciso atuar para que as pessoas percebam o Judiciário como instância capaz de resolver os conflitos atuais. Ela fez uma análise de elementos que caracterizam as relações sociais contemporâneas e destacou a importância das instituições de Estado compreendê-los para obter o reconhecimento da sociedade.

A magistrada pontuou como uma das marcas da contemporaneidade o fenômeno das redes sociais, que, fugindo ao modelo da linguagem natural, estimula o conflito. Esta seria uma estratégia de lucro das empresas, que acaba afetando toda a humanidade. “Vivemos em ágoras contemporâneas e o algoritmo reduz a diversidade, além disso todo mundo é perfeito nas publicações. Quem não se enquadra nesse perfil de vida ideal, fica muito mal. Assistimos a um narcisismo de natureza coletiva”, definiu.

A palestrante afirmou, ainda, que outra consequência do ambiente das redes sociais é a circulação do discurso de vilipêndio de direitos essenciais das minorias e o risco do fundamentalismo e da ignorância. Aspectos agravados pela ocorrência da pandemia da covid-19, que muito afetou a vida de todo mundo. A magistrada defendeu uma reação a essa atitude: “Não se vive em harmonia sem aprender a transigir. Não se pode silenciar o outro. A democracia faz barulho. É o outro o que nos constitui.” E lembrou que o natural percurso da humanidade é a mudança, mas no ritmo e na intensidade que estamos verificando se trata de algo inédito da história dos povos, numa comparação com todos os períodos. “A única mudança radical em tecnologia a que minha avó assistiu, numa vida de quase 90 anos, foi a chegada da TV a cores”, exemplificou.

A tendência da memória, diante das bruscas mudanças, é reagir em busca de um passado inexistente onde localiza um tempo feliz, argumenta Andréa Pachá. “Não éramos mais felizes e nem mais éticos antigamente. O que havia era um silenciamento, uma negação de direito dos mais vulneráveis”, constatou.

Pachá defendeu a importância de o Judiciário mostrar o relevante trabalho que desenvolve à sociedade, já que esta só conhece a justiça em sua face punitiva. Continuou: “O outro nos constitui, e o destinatário do trabalho da justiça é o outro, que está por trás dos processos. Mais afeto significa mais direitos”. Para concluir, alertou para a responsabilidade do Judiciário com as próximas gerações.

REFERÊNCIAS – Com sua vivência de escritora, Andrea Pachá ilustrou as abordagens com citações de obras do universo da literatura, cinema e TV. Entre as referências: a série Years and Years; Fragmentos do Discurso Amoroso, de Roland Barthes; Estranho Familiar: Conversas Sobre o Mundo em Que Vivemos, Zigmund Bauman; Fahrenheit 451, François Truffaut; Como Curar um Fanático, Amós Oz, e a discussão de Shakespeare acerca de justiça em vingança, o que pode ser encontrado em Hamlete Macbeth.

MESA DE HONRA – Na abertura do ano letivo a mesa de honra foi composta pela desembargadora Gisane Araújo, decana do TRT-6 e que representou os dirigentes do Regional, que cumpriam agenda em Brasília. Pelo diretor da EJud-6, desembargador Eduardo Pugliesi, que saudou a palestrante, Andréa Pachá, a quem descreveu como “Humanista, que vê o Judiciário com um olhar horizontal.” Também compuseram o dispositivo o vice-diretor da Escola, desembargador Ivan Valença; a procuradora da PRT-6 Gabriela Maciel; a coordenadora, juíza Wiviane Souza; a presidente da Amatra-VI, juíza Ana Freitas; o presidente da AATP, Leonardo Camelo, e Leonardo Moreira, diretor da ESA-PE. Na plateia, magistrados do TRT-6, servidores e advogados. Assistiram ao evento as desembargadoras Eneida Melo, Valdir Carvalho, Solange Andrade, Ana Cláudia Petrucelli e a juíza convocada Carmen Vieira.

A palestra teve tradução em Libras. Como atração cultural, a Orquestra de Câmera do Alto da Mina executou peças clássicas e do cancioneiro popular brasileiro. O TRT-6 mantém um termo de cooperação com a Orquestra de Câmara do Alto da Mina, oportunizando a visibilidade das ações do grupo e dando apoio institucional.

Veja mais fotos da aula magna. 

As opiniões emitidas no evento anunciado nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade do/a/os/as autor/a/es/as, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região.

--

Matéria de teor meramente informativo, sendo permitida sua reprodução mediante citação da fonte.
Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região (TRT-6) / Coordenadoria de Comunicação Social (CCS)
Texto: Eugenio Jerônimo / Foto: Roberta Mariz