Publicada em 11/09/2024 às 15h00 (atualizada há 11/09/2024 - 15:18)
Dando prosseguimento às atividades da Campanha Setembro Amarelo, o Subcomitê de Atenção Integral à Saúde, a Seção de Saúde Mental / Núcleo de Saúde e a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região promoveram, na tarde da terça-feira (10/9), na Sala do Tribunal Pleno, a palestra “Desafios do Enfrentamento ao Suicídio: refletindo sobre possibilidades de ação a partir da intersetorialidade em saúde mental”. O tema foi ministrado pelo professor, coordenador do Fórum Intersetorial de Saúde Mental de Vitória de Santo Antão, Darlindo Ferreira de Lima.
O evento foi oficialmente aberto pela presidente do TRT-6, desembargadora Nise Pedroso Lins de Sousa. Também prestigiaram a palestra as desembargadoras Ana Claudia Petruccelli, Gisane Barbosa de Araújo e Carmen Lúcia Vieira do Nascimento. As juízas Ana Cristina da Silva e Maria Consolata Rego Batista, além de servidoras e servidores da instituição, estavam presentes. “Reafirmo a preocupação institucional do TRT-6 com a saúde mental e o bem-estar de todas e todos. Por isso, nosso engajamento e apoio às atividades promovidas na campanha Setembro Amarelo”, declarou Nise Pedroso.
Na sequência, o psicólogo Darlindo Ferreira iniciou a palestra. “Principalmente por existir um tabu em relação ao tema, a gente precisa falar sobre o suicídio”, provocou. Para o especialista, a prevenção ao suicídio é primordial. “Recentes pesquisas apontam que cerca de 90% de potenciais suicidas, quando têm oportunidade de conversar, acabam desistindo do ato extremado”, constatou.
No entanto, na última década, o Brasil tem registrado dados alarmantes em relação ao tema. No período de 2011 a 2022, houve um aumento de 60%, sendo registrada uma média anual de 14 mil casos de suicídios. Na faixa etária de pessoas entre 15 e 29 anos, já é a quarta causa de morte. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta como as principais causas médico-psicológicas: todas as formas de depressão; transtorno de personalidade (antissocial, borderline com traços de impulsividade, agressividade e frequentes alterações do humor); alcoolismo; esquizofrenia e outros transtorno mentais orgânicos.
“No entanto, é muito importante destacar que poderia haver prevenção, mas a maioria das pessoas não procura ou não tem acesso facilitado para buscar ajuda de um profissional de saúde mental”, lamentou Darlindo Ferreira. “Das pessoas que têm transtorno mental disgnosticado, 98% não apresentam como causa da morte o suicídio”, esclareceu.
Intersetorialidade – “Existência é temporalidade”. Citando o filósofo alemão Hegel, o palestrante destacou ser preciso que todos procurem, no dia a dia, responder à seguinte pergunta: “O que realmente é importante para mim?”. Para o professor, não adianta encarar questões cotidianas presos a sentimentos do passado, tão pouco ficar ansioso com o que pode acontecer no futuro.
Também refletiu que “entender nossos sofrimentos não significa entendê-los como uma patologia”. Lembrou que o Brasil se tornou o maior consumidor mundial de medicamentos psicotrópicos. “Na verdade, estamos anestesiando os sentimentos e criando um exército de consumidores de medicamentos controlados”, alertou.
Por fim, defendeu a intersetorialidade por entender a necessidade de articular as ações com a presença de diferentes profissionais e instituições parceiras. “A intersetorialidade é um princípio fundamental para a construção de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, afirmou. Exemplificou com sua atuação como coordenador do Fórum Intersetorial de Saúde Mental em Vitória de Santo Antão. A iniciativa já conta com 18 instituições envolvidas tais como o TJ-PE, Ministério Público de PE, Conselho Tutelar, CRAS, entre outros.
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Texto: Gutemberg Soares / Foto: Roberta Mariz