Publicada em 03/02/2012 às 09h00
Mais nova integrante da segunda instância do Sexto Regional, a desembargadora Maria do Socorro Emerenciano compõe a magistratura deste Tribunal desde 1988. Antes, trabalhou como fiscal do trabalho, cargo que deixou em razão da vocação para atuar como juíza. Conheça essa história e o ponto de vista da desembargadora sobre outras questões a seguir, em entrevista realizada pelo Núcleo de Comunicação do Regional pernambucano.
1) Como a senhora se sente diante da nomeação para a segunda instância do Tribunal?
Ingressei na magistratura e assim atuei na primeira instância: com uma felicidade juvenil, cheia de sonhos, que não foram desfeitos. E chego à segunda instância com uma felicidade não menor que aquela, mas uma felicidade amadurecida. Como dizem os colegas, é o coroamento da carreira. É um momento muito especial e de grande alegria, o que aumenta com a acolhida/recepção que venho obtendo dos colegas magistrados e dos funcionários, com destaque para a minha escolhida equipe.
2) De que forma o trabalho como juíza de primeiro grau influenciará a sua atuação como desembargadora?
Tenho uma larga experiência, afinal foram 23 anos atuando na primeira instância. Toda essa vivência por certo servirá como um lastro forte e seguro na apreciação/julgamento do que é afeto a esta 2ª instância. Além disso, reputo de grande valia o contato direto com as partes/advogados. O colher as provas, dissecar o processo, tudo é de grande importância, eis que, na segunda instância, chegam apenas os autos.
3) Quanto à equipe que atuava junto à senhora na 3ª Vara do Trabalho do Recife, qual a importância para o bom desempenho da sua atuação como juíza, responsável pela prestação jurisdicional? E quanto à nova equipe, o que a senhora espera? A dinâmica de trabalho na segunda instância é muito diferente?
O Juiz sozinho não vai longe. Somente consegue bom desempenho se contar com a ajuda de uma boa equipe e, ainda, com o trabalho de grande importância do colega juiz substituto. Tudo o que foi realizado na 3ª Vara da Capital o foi com a colaboração do colega juiz substituto e dos funcionários, que, responsáveis, educados, competentes e comprometidos com o trabalho, nunca mediram esforços para atualizar suas carteiras, e não raro excediam o horário de trabalho, por vezes trabalhando nos dias de sábado. No que se refere à nova equipe, por sua vez, os elogios também não são poucos. São igualmente respeitosos, responsáveis e, não apenas comprometidos com o trabalho, mas entusiasmados e alegres, o que faz do nosso gabinete um local deveras agradável para o trabalho. O trabalho na primeira instância é muito diversificado, muito dinâmico, o que é justificado, pois os processos começam e terminam nas varas. Já na segunda instância o trabalho é diverso, específico e de grande responsabilidade, pois aí as discussões sobre as questões postas se encerram (na sua grande maioria).
4) Finalmente, que fatores motivaram a senhora a escolher a magistratura? E por que a opção pela área trabalhista? A senhora se sente recompensada? E continua a se sentir desafiada?
A magistratura, a princípio, era um sonho que, durante certo tempo, me pareceu distante, pois trilhava outros caminhos, embora na área trabalhista. Durante 13 anos fui fiscal do trabalho. Mas, como sou uma pessoa determinada e sempre lutei pelos meus objetivos, não poderia deixar de lado o objetivo maior. Acho que escolhi a magistratura por vocação, que, parece, nasci com ela, aliada a um forte senso de justiça. Fazer justiça é a missão do Juiz. Em suma, o amor à justiça é o fator determinante da escolha. E por que a magistratura trabalhista? Pelo seu lado social, que nos humaniza, e porque é a Justiça onde, efetivamente, as questões postas são resolvidas, via de regra, em um espaço de tempo razoável. Além disso, apesar de entraves na execução, pagamos e arquivamos os processos, o que nos dá a sensação de dever cumprido. Diante disso tudo, posso dizer que sou uma magistrada plenamente recompensada, orgulhosa de integrar o Tribunal da 6ª Região, que é referência no país, mas também uma magistrada sempre em realização. Nesses quase 24 anos, vivo a felicidade todos os dias nesta Justiça, mesmo quando cansada e/ou, até, aborrecida. Finalmente, quanto a continuar a me sentir desafiada, o desafio é diário e salutar, pois precisamos de objetivos para alcançá-los. O desafio é uma constante, seja em relação a processos ou, como agora, momento em que pretendo me empenhar ainda mais, para fazer jus à nomeação para esta nova etapa e, sobretudo, ficar no nível dos desembargadores que integram o nosso Regional.