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TRT-PE celebra Dia Internacional da Mulher

Juíza presidente da Amatra6, Laura Botelho (esq.), representou as mulheres na mesa de abertura

Nessa sexta-feira (15), a Escola Judicial (EJ6) e o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-PE) promoveram o evento “A Mulher Contemporânea – dos desafios da realidade ao resgate do feminino”, solenidade que homenageou o Dia Internacional da Mulher. Compuseram a mesa de abertura o desembargador presidente do TRT6, Valdir Carvalho, o desembargador diretor da EJ6, Ivan Valença, a juíza presidente da Amatra6, Laura Botelho, e o juiz coordenador-geral da escola, Rodrigo Samico.

Em breve discurso, o desembargador presidente deu as boas-vindas aos presentes, fazendo especial menção às profissionais que exercem um papel destacado na construção histórica da Justiça do Trabalho. Homenageando todas as mulheres presentes, encerrou citando a filósofa francesa Simone de Beauvoir: “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”. Desfeita a mesa de honra, o desembargador diretor Ivan Valença apresentou a primeira palestrante da tarde, a psicoterapeuta Scheila Patrícia Nascimento Gomes.

Com formação em Relações Públicas, e especialização em áreas da psicoterapia, bioenergética e formação em constelação sistêmica familiar, Scheila Gomes propôs à plateia a realização de exercícios práticos de bioenergética, com foco nas técnicas de respiração e de relaxamento. A especialista focou sua apresentação nas mulheres, propondo como as heranças sociais e transgeracionais afetam diretamente suas vidas. “Não há fertilizante melhor que as próprias origens”, provocou, citando o escritor argentino Joan Garrido. Ela explicou que o psicanalista Carl Jung tratava estas heranças como “metanoia”.

Scheila Patrícia Nascimento Gomes apresentou palestra abordando "Os desafios da mulher nos dias de hoje"

Alertou que a mulher moderna está passando por um momento de resgate e ressignificação. Sobrecarregada de tarefas domésticas e profissionais, necessita resgatar seu direito de ser, de agir, de pensar de forma livre, encarando seus medos e suas inseguranças e, acima de tudo, aceitando e respeitando seus limites. Do contrário, explica a especialista, o corpo não aguenta, surgindo doenças como síndrome de burnout, depressão e hipertensão.

Na segunda parte da solenidade, o diretor Ivan Valença convidou as autoras do livro “Manual Jurídico Feminista” para formar uma mesa de debates. As reflexões sobre o tema foram iniciadas por Carolina Valença Ferraz. Mestra e doutora em Direito pela PUC-SP, advogada, ativista em direitos humanos, atualmente coordenadora do grupo Frida de Gênero e Diversidade, Ferraz fez profundas provocações, defendendo que aspectos machistas ainda estão presentes na estrutura jurídica do país.

Autoras do "Manual Jurídico Trabalhista", Ana Pontes, Katherine Contasti e Carolina Ferraz, compuseram mesa de debates

Mestra em Ciência da Informação e Ciências Jurídicas pela UFPB, atualmente doutoranda em Direito pela Unicap, Katherine Lages Contasti prosseguiu com os debates, propondo reflexões históricas sobre nossas origens. “Na verdade, nascemos de uma invasão bárbara e de um estupro das nações indígenas”, provocou, para adiante explicar que, na transição do patriarcado para uma nova perspectiva jurídica nas colônias, coube à mulher o papel de mera reprodutora. Para ela, a História do Brasil reproduz o silêncio imposto às mulheres da América Latina. “É preciso que haja uma reelaboração dos afetos, sob uma perspectiva política”, defendeu.

Finalizando o debate, a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, mestra em Teoria Geral do Direito e Doutora em Educação pela UFPE, Ana Carolina Amaral de Pontes, apresentou o capítulo “Fontes do Direito e as Mulheres”, escrito por ela para o livro “Manual Jurídico Feminista”. Expôs o caso de Maria Meira de Vasconcelos, nordestina, primeira mulher a frequentar a Faculdade de Direito do Recife. Apesar de oposições e dificuldades, concluiu o curso, sendo a laureada da turma. Mesmo defendida pelo jurista Sílvio Romero, e tendo escrito uma carta para o então presidente Deodoro da Fonseca, ela nunca obteve autorização para exercer a advocacia. “Apesar de termos avançado muito, ainda existe um teto de vidro, que impede a promoção das mulheres na carreira jurídica”, advertiu, citando o exemplo dos tribunais regionais e superiores, cuja composição é majoritariamente masculina.

Texto: Gutemberg Soares / Fotos: Elysangela Freitas