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Opinião | "Por uma administração centrada na pessoa"


Desembargador Fábio Farias

Por uma administração centrada na pessoa

Uma das características relevantes da tecnologia aplicada ao trabalho é que ela  sempre atua no sentido de economizar esforços humanos. Expliquemos um pouco mais. Não se  trata de dizer que a introdução de um determinado equipamento e/ou processo de trabalho pelo ser humano é necessariamente boa..., nem necessariamente ruim. Ressalte-se ainda que, por  tecnologia também estamos pensando em transformações nas próprias relações entre os  homens. 

A pá otimizou o processo de escavação e de colocação de produtos de um lugar a outro e isso pode não ser óbvio para quem não precisa cavar trincheiras, mas, certamente o  era para um soldado durante a Primeira Grande Guerra. No entanto, o modelo de administração  científica preconizado por Frederick Taylor por certo também otimizou o uso da pá  estabelecendo, por meio de seus princípios, um planejamento, o preparo dos trabalhadores, o  controle do desenvolvimento do trabalho e regras de execução para que as atribuições e  responsabilidades fossem realizadas da forma mais disciplinada possível. Mais, uma vez, não  estamos valorando se é bom ou ruim, mas quem se aproximou das práticas produtivas de bens  e serviços sabe o quanto a pá e a administração científica ampliaram a produtividade e, por  meio disso, liberaram ou tornaram dispensáveis milhares de cavadores de trincheiras. 

Hoje a Administração Pública, em especial nosso Tribunal do Trabalho, vive  uma incessante perda de servidores e de introdução novas tecnologias no campo informacional, simbolicamente representadas pelos computadores que descansam em nossas mesas. E com  certeza os ganhos da segunda compensaram a inexistência dos primeiros de forma que ainda  fornecemos um ótimo serviço a nossos usuários. Quem convive com os servidores da área de  TI percebe que eles vivem numa busca frenética pela melhoria daquilo que foi lançado hoje  pela manhã. Talvez eles, como comunidade existente em todo o mundo e que têm maneiras  próprias de raciocinar, só descansem quando encontrarem a solução para o problema da  Inteligência Artificial, não esses programas montados em algoritmos que parecem adivinhar o  que queremos. A IA, no universo de quem procura, parece-me aquela a máquina que torna o  ser humano absolutamente obsoleto. Depois dela nada sobrará que distinga homens de  máquinas. 

Tudo isso nos leva a uma das questões que nos defrontamos hoje na  Administração do Tribunal: como introduzir uma máquina ou um sistema informatizado, para  ficarmos apenas nas máquinas e programas que rodam neles, sem que passemos a ideia de  estamos ficando atrasados ou, no limite, inúteis. A introdução do PJe eliminou uma imensidão  de atividades e vimos muitos de nossos queridos amigos partirem por não conseguirem lidar  com essa inovação. Atualmente estão sendo introduzidos “robôs” que eliminaram, eliminam e  eliminarão tantas outras atividades. Como vamos viver com essas realidades sem nos  imaginemos pessoas descartáveis? Um objetivo aparentemente ingênuo, mas, necessário se  quisermos sobreviver como uma instituição saudável.


 

Desembargador Fábio Farias é ouvidor do TRT-6 e gestor regional do Programa Trabalho Seguro (Getrin6)