Publicada em 01/02/2023 às 16h47 (atualizada há 03/02/2023 - 12:01)
Nesta quinta-feira (2/2), às 17h30, acontece o lançamento do cordel sobre a história de Pureza Lopes Loyola – referência abolicionista do Brasil em relação à escravidão moderna. A obra é de autoria de Allan Sales, com contribuições do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região Paulo Alcantara. O evento será no gabinete do referido desembargador, na sede do TRT-6, e contará com a presença da homenageada, do autor do cordel e do diretor do filme “Pureza”, Renato Barbieri.
Pureza Lopes Loyola foi figura fundamental para denunciar a escravidão moderna no Brasil e para a criação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel que, entre 1995 e 2022, foi responsável por libertar mais de 60 mil trabalhadores escravizados. Ela recebeu diversos prêmios pelo seu combate à escravidão, inclusive o Prêmio Anti-Escravidão da Anti-Slavery International, em Londres.
O filho caçula de Pureza, Abel Lopes, foi uma das vítimas da exploração. Ainda sem saber disso, mas estranhando o fato de o jovem ter parado de lhe dar notícias quando partiu para um novo trabalho, Pureza começou uma jornada de busca que iria lhe mostrar que a escravidão ainda existia no Brasil do século 20 (e ainda hoje). O reencontro aconteceu três anos depois.
Ela se embrenhou em fazendas e garimpos para ver se encontrava o rapaz, andava sempre com uma foto dele, para mostrar aos trabalhadores. A Bíblia também era a sua companheira. Nesses locais, encontrou pessoas que trabalhavam há anos sem nunca terem recebido salário e que eram submetidas a condições degradantes e a muita violência.
Essas pessoas costumavam ser aliciadas nas cidades onde residiam e levadas para trabalhar em outra região do país, sob a falsa promessa de bons salários. Mas, quando chegavam, eram informadas que já tinham uma dívida com o patrão, que havia pago as despesas da viagem. Além disso, seus documentos eram confiscados. A dívida nunca era paga, porque o trabalhador precisava comprar alimentos, equipamento e qualquer outra coisa para sua subsistência no armazém da fazenda ou do garimpo, onde tudo era vendido por valores abusivos.
As vidas de Pureza Lopes Loyola e do desembargador Paulo Alcantara começaram a se interligar quando ele a convidou para participar da mostra do filme “Pureza”, durante o Seminário Internacional - Tráfico de Pessoas no Brasil e nos Estados Unidos: desafios e perspectivas, que aconteceu no TRT-6, em novembro de 2022. O magistrado é membro do Comitê Estadual Judicial de Enfrentamento à Exploração do Trabalho em Condição Análoga à de Escravo e ao Tráfico de Pessoas em Pernambuco e foi um dos coordenadores do evento. O filme “Pureza” estreou em maio do ano passado e conta a saga desta mãe.
Ao final do encontro, o desembargador Paulo Alcantara comprometeu-se a restaurar fotos e notícias de jornais que Dona Pureza guardava sobre a sua jornada – iniciada em 1993 – e a relação dos dois foi se fortalecendo. O valor arrecadado com a venda do cordel será revertido para a reforma das casas de Dona Pureza e de Abel. Eles compartilham o mesmo terreno em Bacabal (MA).
Após o evento, o desembargador, a homenageada e o cineasta Renato Barbieri seguem para João Pessoa (PB), porque na sexta-feira (3/2), o TRT da 13ª Região fará a exibição do filme “Pureza”.
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Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6)
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Texto: Hellen Moreira / Imagem: Arquivo (CCS)