Publicada em 26/07/2024 às 11h59 (atualizada há 26/07/2024 - 16:55)
Para celebrar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região recebeu nessa quinta-feira (25/7) a palestra da professora Dayse Moura. Com o título “Escrevivências e lutas: o racismo estrutural na trajetória de vida das mulheres negras”, a conferência aconteceu no Pleno do Tribunal e foi promovida pelo Comitê Gestor Regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade e pela Escola Judicial do TRT-6 (Ejud6).
Na abertura do evento, a presidente do TRT-6, desembargadora Nise Pedroso, destacou a iniciativa do Comitê Gestor Regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade e da Escola Judicial do TRT-6 (Ejud6) e reforçou o compromisso do Regional com a causa da equidade.
A coordenadora do Comitê, juíza Ana Cristina, titular da 1ª Vara do Trabalho de Olinda, fez a apresentação da palestrante. Dayse Moura é professora da UFPE, doutora e pós-doutora em Educação. Atua nas áreas de formação de professores da Educação de Jovens e Adultos, Literatura Negra e Educação das relações etnico-raciais e de gênero, participa da gestão colegiada do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UFPE-NEAB e da Associação de pesquisadores Negros/ ABPN. Tem livros publicados pela Editora Universitária da UFPE e pela Editora Mazza- Belo Horizonte, MG. É autora da obra “A rainha Dandara e a beleza dos cabelos crespos”, com terceira edição lançada em 2022, pela Editora UFPE.
Na palestra, a professora Dayse Moura discutiu os conceitos de racismo estrutural, institucional e estético. Também abordou o pacto narcísico da branquitude, mostrando os danos que essa atitude causa na vida da população negra, especialmente das mulheres.
A palestrante esclareceu a definição do conceito de pacto narcísico da branquitude, formulado pela psicóloga Cida Bento. “Significa o compromisso da branquitude em manter a estrutura racial que privilegia a parcela da população com essa característica. É um pacto não verbalizado de preservação para a população branca ocupar os melhores lugares sociais”, explica a professora Dayse.
Outro ponto que a palestrante trouxe foi o mito da democracia racial. Ela convidou a todas e todos a fazerem uma leitura crítica desse ponto de vista, que esconde o modo de formação da sociedade brasileira e pode ser facilmente contestado pela realidade observável que vive a população negra.
Ela mostrou ainda as desigualdades socioeconômicas que as mulheres negras sofrem no mercado de trabalho e na educação, sublinhando que essas disparidades são naturalizadas por estruturas racistas.
Após sua exposição, a conferencista abriu espaço para perguntas. Participativo, o público formulou várias questões que possibilitaram o aprofundamento do tema discutido. A exemplo da ausência de pessoas negras em espaços aos quais a sociedade dá mais prestígio social.
Estiveram presentes à palestra as juízas do TRT-6 Renata Nóbrega (auxiliar da Corregedoria), que integra o Comitê Gestor Regional do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, as juízas Maria José de Souza (titular da Vara do Trabalho de Palmares), Laura Botelho (titular da 2ª Vara do Trabalho de Barreiros) e Adriana Satou (auxiliar da Presidência). Também a procuradora do Ministério Público do Trabalho da 6ª Região Jailda Pinto.
Livro – Ao final da palestra, a autora autografou seu livro infantil “A rainha Dandara e a beleza dos cabelos crespos.”
Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, com o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas.
Realizado em Santo Domingo (República Dominicana), o evento teve mais de 300 representantes de 32 países. Lá as participantes partilharam suas vivências, denunciaram as opressões sofridas e buscaram soluções para enfrentar o machismo e o racismo. No Brasil
No Brasil, a Lei 12.987, de 2014, instituiu o dia 25 de julho como data de celebração do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil, compartilhando os princípios básicos do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, evidenciando o papel da mulher negra na história brasileira.
ODS – A Agenda 2030 da ONU é um plano global para que seja alcançado, em 2030, um mundo melhor para todos os povos e nações. A Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York, em 2015, da qual participaram 193 estados membros, estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), compromissos que envolvem a adoção de medidas ousadas e essenciais para a promoção do Estado de Direito, dos direitos humanos e da responsividade das instituições políticas e sociais.
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Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região (TRT-6)
Coordenadoria de Comunicação Social (CCS)
Texto: Eugenio Jerônimo / Foto: Roberta Mariz