Publicada em 22/08/2025 às 17h27 (atualizada há 22/08/2025 - 18:08)
Com espetáculo teatral e roda de conversa sobre racismo, a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (PE) concluiu, na manhã desta sexta-feira (22/8), as atividades da 15ª Jornada Institucional. A formação técnico-científica semestral, voltada para magistradas e magistrados do TRT-6, aconteceu esta semana (18 a 21/8), no auditório Desembargadora Maria do Socorro Emerenciano, sede da Ejud-6, no bairro do Espinheiro.
“Clamor Negro”, baseado em livro homônimo, foi o espetáculo escrito e encenado por Odailta Alves, com direção de Agrinês Melo, produção de Erica Costa e participação de Madê Santos (dança) e de Isaar (voz e percussão). O monólogo, dividido em oito atos, abordou o universo da mulher negra e as relações raciais no Brasil através de narrativa, poesia, música e dança, com referências à história e à cultura afro-brasileira.
Nas palavras da artista, a peça promove reflexões sobre a situação da população negra no país, especialmente das mulheres. Para isso, o roteiro interliga fatos históricos com questionamentos que acompanham as diferentes gerações do movimento negro brasileiro. Em 2022, o espetáculo foi premiado com o 3º Prêmio Roberto de França Pernalonga de Teatro Pernambucano, na categoria monólogo.
Mulher negra, nascida na favela de Santo Amaro, Recife, Odailta é educadora, atriz, ativista dos Direitos Humanos e escritora com dez livros publicados, além de palestrante e professora das redes estadual e municipal do Recife, com ênfase em práticas antirracistas e LGBTfóbicas. É mestre e doutoranda em Linguística pela UFPE e, também, coordena o coletivo Escritoras Negras de Pernambuco e o projeto Mala Preta.
Após a encenação, foi aberta uma roda de conversa, momento em que a plateia pôde fazer comentários sobre a peça, dar depoimentos sobre experiências pessoais e relatar episódios que vivenciaram sobre racismo. Na ocasião, Odailta comentou que o espetáculo é praticamente autobiográfico, porque ele traz um pouco da sua história. “Sou eu, essa mulher, essa menina que aprendeu a ler dentro de uma favela, e depois, fez doutorado. Então, eu faço muita questão de dizer que eu sobrevivi e que, hoje, estou construindo outra história”.
No encerramento, a diretora da Ejud-6, desembargadora Nise Pedroso, agradeceu a presença da plateia e parabenizou as artistas que se apresentaram. “Não havia assistido ainda esse espetáculo e achei incrível. A gente tem que evidenciar esse tipo de evento, pois não pode haver só precedentes, processos e jurisprudências. Precisamos trazer assuntos e atividades diversas, com orientação pedagógica, e exercitar questões como essas, para que o mundo seja melhor”.
Durante a semana, a 15ª Jornada Institucional também trouxe oficina de atualização jurisprudencial em precedentes obrigatórios, as palestras “Regulação do Mercado de Trabalho” e “Mercado de trabalho, informalidade e reforma trabalhista”, além do curso “Segurança pessoal do/a magistrado/a: gerenciamento de crime e sobrevivência urbana”.
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Texto: Fábio Nunes / Fotos: Juan Rodrigues