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Setembro Amarelo 2025: #SejaOFarol, ilumine caminhos, salve vidas!

Neste mês, a Seção de Saúde Mental e Serviço Social e o Subcomitê de Atenção Integral à Saúde do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, em parceria com o Programa Trabalho Seguro/Getrin6, estão promovendo o Setembro Amarelo: #SejaOFarol, campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio. Semanalmente, estão sendo publicados textos, no portal e na intranet, sobre a promoção da saúde mental, com informações embasadas em pesquisas e orientações de profissionais da área. Nesta última postagem, confira as correlações entre vivências traumáticas e comportamentos de risco.

Marcas que não se veem: estrutura emocional, violência e risco invisível

Ninguém nasce sabendo lidar com as próprias emoções. A estrutura emocional de uma pessoa — sua capacidade de reconhecer sentimentos, tolerar frustrações, pedir ajuda, estabelecer vínculos e confiar no mundo — se forma ao longo da vida, especialmente nos primeiros anos. Esse desenvolvimento é profundamente influenciado pelas experiências relacionais, pela segurança afetiva e também pelos contextos em que se vive.

Quando uma criança cresce em um ambiente onde há cuidado, acolhimento e previsibilidade, ela tende a internalizar recursos emocionais que a ajudam, mais tarde, a lidar com os inevitáveis desafios da vida. Mas, quando a infância e a adolescência são marcadas por violência — seja ela física, sexual, psicológica ou mesmo negligência emocional —, esse processo pode ser profundamente abalado.

A exposição prolongada à violência desorganiza a percepção de segurança no mundo e em si mesmo. Ela pode comprometer o senso de valor pessoal, a capacidade de confiar nos outros e a noção de que há saída possível para a dor. São marcas que não aparecem de forma imediata, mas que se infiltram na maneira como uma pessoa se relaciona, se protege, se reconhece e busca ajuda.

É nesse ponto que começamos a entender algumas correlações entre vivências traumáticas e comportamentos de risco, incluindo o comportamento suicida. O suicídio, longe de ser um ato impulsivo ou “inexplicável”, muitas vezes, é o desfecho de um sofrimento acumulado, persistente, que se tornou insuportável. Quando não há repertório emocional disponível ou apoio adequado, a dor psíquica pode parecer maior que qualquer possibilidade de solução.

Um estudo desenvolvido pelo Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli, a Fundação Oswaldo Cruz (Claves/Fiocruz), a ONG Vivo International, o Programa de Pós-Graduação em Neurologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, e o Departamento de Psicologia da Universidade de Konstanz, na Alemanha, indicou que pessoas expostas à violência — especialmente quando ela ocorre na infância — apresentam maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de transtornos mentais como depressão, ansiedade, uso abusivo de substâncias, além de comportamentos autolesivos ou suicidas. Isso não significa, contudo, que a violência determina o futuro de alguém, mas sim que aumenta o risco e exige um olhar mais atento das redes de apoio e cuidado.

Prevenir o suicídio passa, então, por algo maior do que apenas ensinar a “procurar ajuda”. Implica construir ambientes mais seguros, relações mais cuidadosas e instituições mais sensíveis às trajetórias individuais. Implica, também, reconhecer que a dor que leva alguém ao limite, muitas vezes, começou muito antes, e que oferecer suporte emocional hoje pode ser o fio que reconstrói a confiança no amanhã. Neste Setembro Amarelo, que possamos lembrar que escutar a dor do outro é mais do que empatia: é compromisso com a vida. E que a prevenção começa cedo, quando decidimos cuidar não só dos sintomas, mas das histórias que os antecedem.

Psicóloga Michelle Rangel

Matéria de teor meramente informativo, sendo permitida sua reprodução mediante citação da fonte.
Coordenadoria de Comunicação Social (CCS)
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6)
imprensa[at]trt6.jus[dot]br
Texto: Seção de Saúde Mental  / Imagem: Eduardo Aguiar